domingo, 18 de julho de 2021

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Artigo da revista Magafone 
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Os alunos do 8.º G da Escola Básica Padre Himalaya, em Arcos de Valdevez, inspirados pela leitura do Diário de Anne Frank, decidiram recriar, nas instalações da própria escola e com materiais emprestados, o Anexo Secreto onde a família Frank viveu escondida durante a 2.ª Guerra Mundial.

“Comovidos e surpreendidos” é como os alunos do 8.º G da Escola Básica Padre Himalaya, Agrupamento de Escolas de Valdevez, descrevem o seu estado de espírito durante a leitura do Diário de Anne Frank em pleno confinamento de 2020. “Nenhum de nós se imagina a passar pelo que Anne Frank passou durante dois anos num local tão pequeno”, afirmam. O local pequeno era o Anexo Secreto onde a família Frank se escondeu dos nazis durante a 2.ª Guerra Mundial.

Durante as conversas de complemento da leitura do Diário, surge entre os alunos a ideia de recriar a morada temporária da família judia. Normalmente, depois da leitura de um determinado excerto, pensávamos “em voz alta”, trocávamos impressões, refletíamos em conjunto e, quase sem nos apercebermos, ficámos cada vez mais próximos de Anne Frank, da sua experiência, o que acabou por resultar na intenção de recriar o esconderijo”, contam. O confinamento tornou a ideia mais difícil mas não impossível pois nunca “perderam a esperança”. Assim que regressaram à escola, começaram a dividir tarefas e a organizar equipas.

Pesquisa além do livro

Para um conhecimento mais aprofundado, os alunos fizeram, em conjunto com a professora, uma visita virtual ao Anexo Secteto, através da plataforma digital da Fundação Anne Frank, assim como muita pesquisa, que envolveu biografias de Anne Frank, entrevistas a Otto Frank e Miep Gies e o documentário ‘Anne Frank – Vidas Paralelas’. “Acabámos por não nos basear apenas no livro, embora o livro tivesse sido a principal fonte de informação”, referem. Para a recriação do Anexo Secreto, todos contribuíram, não só executando tarefas, mas também emprestando materiais. “Usámos materiais da escola, nossos e da nossa Professora de Português. Cada um contribuiu com qualquer coisa para a recriação do Anexo. Trouxemos pratos, cortinas, lençóis, panos bordados, uma moldura com a fotografia de Anne Frank, um candeeiro, um casaco branco e um chapéu, uma mala pequena e uma lata com lápis, fotografias da família, uma bicicleta já antiga, batatas, feijões. Na escola, tínhamos o mobiliário, a estante, os bancos, as cadeiras, as mesas, os expositores, que usámos para separar os espaços, e as capas”, descrevem.

O trabalho de equipa – exceptuando pequenas discórdias sobre a localização que iriam dar a alguns objectos – decorreu sem sobressaltos. “Com a orientação da nossa professora e com as nossas sugestões, foi bastante fácil distribuir as tarefas. Todos contribuímos, todos colaborámos, a elaborar cartazes, a organizar o espaço, a fazer as visitas guiadas, a gravar o vídeo”, contam, acrescentando que um dos elementos fundamentais da exposição foi o “Poema para Anne Frank”, criado durante o ensino à distância numa aula dedicada à escrita e integrado depois na recriação. Fizeram questão que o Anexo Secreto fosse num espaço da escola onde todos os outros alunos tivessem acesso. “Os nossos colegas mais novos, do 1.º ciclo, estavam desejosos por “invadir” o espaço. Aliás, foi essa curiosidade que nos fez pensar na ideia das visitas guiadas. Acabámos por convidá-los e entrar e eles adoraram. Os nossos colegas do 2.º ciclo e das outras turmas do 3.º também quiseram assistir à visita guiada, assim como os professores”, lembram.

Mais do que um trabalho escolar, o Anexo acabou por tornar-se num refúgio para a turma do 8.ºG. “O mais emocionante foi, sem dúvida, passarmos a “viver” no Anexo Secreto nos intervalos da manhã e da tarde. De certa forma, mudamo-nos para aquele espaço durante o período em que mantivemos o esconderijo. Foi uma forma de identificação, de aproximação a Anne Frank, a Peter, a Margot…”, reflectem.

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